terça-feira, 29 de novembro de 2011

Desafio da cadeia de suprimento nunca termina


Grandes suítes de ERP ainda falham em planejamento de vendas e operações, análises avançadas e gerenciamento de suprimento
Passei um dia muito divertido e informativo no evento para usuários da Kanaxis, no mês passado, e percebi o quanto gerenciamento de cadeia de suprimento (SCM, da sigla em inglês) parece parado no tempo. Mesmo quando SCM parece ocupar, cada vez mais, os lugares mais importantes no mundo corporativo, e mesmo conforme empresas como a Kinaxis se esforçam para levar a temática para o futuro.
E se você não acha que SCM está em destaque, pergunte aos fabricantes sobre o que está acontecendo na Tailândia, ou aos fabricantes de carros japoneses sobre o que aconteceu após o terremoto e tsunami desse ano. Ou à Boeing, com todos seus problemas e atrasos para lançar o Dreamliner. Na economia mundialmente interligada, quem manda é a cadeia de suprimento.
Não que a Kinaxis viva no passado – embora faça décadas que não ouço um fornecedor falar sobre as virtudes de um banco de dados hierárquico. Ao contrário. É o resto do mercado de cadeia de suprimento que parece depender de antigos modelos de negócios e tecnologias, em detrimento das grandes empresas de softwares corporativos e em benefício de fornecedores de alto nível.

Esse problema de parecer parado no tempo ficou mais evidente ao longo do dia, mais especificadamente quando chegou a hora dos clientes da Kinaxis contarem suas histórias. Como é comum em eventos de grandes fornecedores, as histórias dos clientes eram repletas de referências aos softwares Oracle ou SAP, ainda usados por eles, mesmo que a estratégia central da funcionalidade de cadeia de suprimento de que falavam naquele dia pertencesse à Kinaxis.
Todas as histórias ali ouvidas se resumiam à seguinte fórmula: minha empresa usa (insira suíte de uma grande empresa), mas para essa função central (insira planejamento de vendas e operações, planejamento sob demanda, gerenciamento de fornecedor terceirizado, análise avançada de cadeia de suprimento), vamos optar pela Kinaxis.
E cada justificativa por optar pela Kinaxis seguia uma fórmula parecida: enquanto (insira suíte de grande empresa) se mantém como meu sistema de registro, é muito (lento, ruim para gerenciar fornecimento terceirizado, não é bom o bastante para planejamento de vendas e operações) e não poderíamos esperar até que eles (acrescentem a funcionalidade que preciso, torne custo eficiente, faça a experiência de usuário mais amigável, traga recursos para minha empresa para garantir que minhas necessidades sejam supridas). E assim continuam as histórias sobre a melhor cadeia de suprimento da Kinaxis.
O que mais me impressiona nessas histórias é que eu já ouvi outras parecidas – incluindo alguns dos mesmos clientes sobre os mesmos fornecedores de suítes – quando participei de um evento da E2open, há três anos. E quando visitei os principais fabricantes do Vale do Silício, em 2005, como parte de um projeto de pesquisa sobre cadeia de suprimento, histórias como essas eram a ordem do dia em todas as empresas que visitei. Em recente visita à E2open, um dos executivos relembrou as discussões sobre essas questões quando ele estava na Oracle, em 2000.
O que está acontecendo?

Parte do problema é, obviamente, a velocidade com que os modelos de negócio estão mudando. E os tamanhos que constituem SCM mudam, constantemente, conforme acionistas se envolvem, mais e mais dados são disponibilizados para análises complexas e criam planos de cadeia de suprimento mais abrangentes.

Até mesmo a introdução de novos produtos está mudando: um dos clientes da Kinaxis é a Barnes & Noble, que apresentou seu ereader Nook, em 2009, com grande alarde. Foram dois problemas com a apresentação esse produto pela Barnes & Noble: o primeiro é que a empresa é novata na fabricação de cadeia de suprimento; ser distribuidora de livros não é o mesmo que preparar a empresa para produzir produtos para os clientes. Segundo, mais importante, o Nook foi parte de uma nova onda de tablets ligada a uma empresa de distribuição de varejo, não uma empresa tradicional de eletrônicos: como a Barnes & Noble poderia fazer planejamento de cadeia de suprimento quando havia pouco ou nenhum produto comparável no mercado para basear um plano de demanda?
Portanto, a Barnes & Noble decidiu por uma nova cadeia de suprimento direcionada por demanda e baseada em ponto de venda, com software da Kinaxis. Foi uma aposta arriscada, já que a Kinaxis nunca havia tentado interligar mais de 10.000 sistemas de ponto de venda, e a estrutura de preço da Kinaxis, para esse software também não era projetada para esse volume de pontos finais (digamos apenas que com mais de 10.000 POS, essa seria a implantação mais cara de SCM de que se sabe – vale acrescentar que a Kinaxis e a Barnes & Noble entraram num acordo para alcançar um preço razoável).
Outro motivo pelo qual o status quo do gerenciamento de cadeia de suprimento parecia parado no tempo é que SCM realmente transformador é tanto uma jornada de processo de negócio  quanto é jornada de software. É difícil, muito difícil, e mais difícil ainda para empresas que não compreendem o quão estratégica suas cadeias de suprimento devem ser.
Em meus passeios pelo mundo das cadeias de suprimento, muitas vezes me surpreendi com como o suficiente continua sendo bom o bastante, apesar do fato de que, quando se trata de competição corporativa, o “bom o bastante” é domínio dos fracassados. Esse fato em si geralmente transfere a real transformação da cadeia de suprimento para os renegados e radicais que ousam pensar em algo diferente. Para a sorte deles, existem produtos como o RapidResponse, da Kinaxis, que os permite realizar essas transformações e ainda manter a grande suíte ERP.
A síndrome do “bom o bastante” acaba sendo um problema para qualquer grande empresa de software. Se torna um interesse entrincheirado para um cliente que, geralmente leva a – ou é um indicador de – uma mentalidade “boa o bastante” que ajuda a manter a incumbência prejudicando a inovação. Isso torna mais difícil para as Oracles ou SAPs do mundo serem identificadas como inovadoras entre as principais comunidades de usuários; e torna mais fácil para empresas como a Kinaxis se tornar mais atraente para aqueles que não se importam em irritar os pensadores limitados e levar um pouco de inovação para as empresas.
Um último comentário sobre a Kinaxis que vale a pena mencionar: o evento para usuários foi divertido e eles conseguiram, mais de uma vez, tornar divertida a liderança em cadeia de suprimento. Sim, divertido de verdade. Ok, talvez tenha me impressionado com motives errados, mas uma empresa que se sente confortável o bastante com seus produtos e clientes para tornar o assunto divertido tem muito a seu favor. Foi um dos melhores eventos que já presenciei.

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